quarta-feira, 29 de agosto de 2018

METAL DAS COLINAS: O Despertar do Movimento Underground de Garanhuns


No último fim de semana (25/08/2018) vivenciamos mais um evento protagonizado e dirigido pela geração contemporânea do Metal Extremo garanhuense. Por algum tempo foi possível acreditar que o movimento underground pereceria nestas cercanias pela falta de espaço para apresentações, falta de incentivo, falta de interesse das novas gerações de músicos e pelo próprio imaginário popular a respeito desse gênero musical, via de regra, associado à abusos, ilicitudes e discursos vazios de sentido existencial ou político - como se isso fosse possível - e irresponsável em seus posicionamentos e opiniões. Mas, o público que vem prestigiado os eventos tem visto um movimento revigorado, entusiasmado, organizado, rejuvenescido e seguindo fielmente o lema “do it yourself” (Faça você mesmo): independente, destemido, forte e unido.

O Ubalá Pub tem se tornado um espaço frequente dos roqueiros da região do agreste meridional seja pela amplitude estrutural e acolhedora, seja pelo apoio incondicional ao movimento underground e as bandas de Garanhuns e cidades circunvizinhas. Esta não é a primeira vez que o local abre suas portas para os roqueiros da cidade como já registramos aqui e não obstante é corresponsável pela prosperidade do movimento. Casa cheia, gente bonita, educada, camisas pretas; elementos que só frequentadores do movimento conseguem testemunhar... Vamos à resenha das apresentações:

Mais uma vez, as bandas que se apresentaram nesta última edição foram às três consideradas pela opinião pública como “A nova geração do Underground Garanhuense”, ao que eles mesmos preferem ser conhecidos pelo sugestivo nome de Metal das Colinas; uma clara e singela referência ao título turístico que a cidade ostentou por muito tempo, o de ser A Terra Das 7 Colinas

Dentre elas a URUKHAI, banda que faz um Nu-Metal com referencias ao Death-Core com letras em inglês e um som cheio de energia. Além das fantásticas covers do System of a Down e Sepultura a banda executou um repertório autoral cheio de canções ultra-agressivas que já se tornaram clássicas entre os headbangers da cidade como The Garbage is Full, The Night of Great Fear e a estrondosa Hiroshima. Seria injusto destacar um ou outro músico desta banda, pois eles funcionam tão bem juntos que é simplesmente quase impossível pensar naquela massa sonora na ausência de um deles. A banda realmente não decepciona, nem mesmo os mais radicais ficaram indiferentes ao “bate cabeça” durante a apresentação desses novos e promissores agentes do caos. vamos ver algumas fotos da performance do URUKHAI:






Dando continuidade a noite das camisas pretas, foi a vez da LEGION OF SUFFERING banda veterana da cena local que executa um Death Metal que mescla melodias e breakdowns cativantes, o quarteto tem mais tempo de estrada que as outras bandas desta noite e como esperado de uma instituição experiente: eficiência e técnica apurada foram a lei. O contraste entre os vocais, o principal mais rasgado e agressivo e o backing vocal mais grave e profundo deixam a música rica de elementos que se aliam a uma guitarra melódica e cortante com uma bateria e um contrabaixo técnicos e avassaladores. Não estamos falando de uma banda experimental que está fazendo testes e aventuras pra ver no que resulta, e sim de músicos de alta competência demonstrando que é possível fazer Death Metal se utilizando de outras fórmulas musicais; e tem funcionado, o resultado é surpreendente. Algumas músicas também já se tornaram emblemáticas e conhecidas do público que a banda sempre arrasta em suas apresentações como: Falsos, Indignação e a instigante Religião Hipócrita, além do cover do Sepultura que botou a galera pra pular e gritar a plenos pulmões. Seguem abaixo alguns registros icograficos da apresentação da LEGION OF SUFFERING:

















Por fim tivemos a LEGIST, um trio que executa um Death Metal tradicional, ríspido, direto, monolítico e com doses cavalares de intensidade. Esta banda talvez seja a que empunha com mais fidedignidade a bandeira do Death Metal “de raiz” por assim dizer, longe de inovarem ou proporem algo que possa vir a soar diferente demais do que sua identidade musical admite, eles se mantêm na linha Death Metal dos seus antecessores históricos nesse gênero aqui na cidade como a DOMINATIO, INFECTO, CARBONIZED e MORBDUS (old). Isso não os diminui, pelo contrário, no palco eles se agigantam e nos trazem certa nostalgia, é impressionante como apenas três pessoas podem soar como um estouro de uma manada de rinocerontes, o som da LEGIST é brutal; É Metal Extremo no estilo garanhuense, desde 1993, quando temos registros das primeiras bandas nesses moldes. Composta por um baterista técnico e sereno, um guitarrista insano e um baixista-vocalista carismático e altamente competente, esta banda não apenas executa um repertório autoral destruidor de tímpanos e pescoços como agrada pelas covers do Belphegor, Deicide e Cannibal Corpse. Conversando informalmente com o guitarrista ele nos confessou que buscam inspiração nos poemas de Augusto dos Anjos, poeta paraibano de versos escatológicos que beiram o macabro, para compor letras de canções como: Sangram-te os Olhos, Hedionda Obsessão e Horror Cósmico. Abaixo temos alguns registros fotográficos da LEGIST:














seguem abaixo alguns links para voces conferirem alguns momentos das apresentações das bandas. apoiem o movimento assinando os canais do youtube, dando seu like e compartilhando os vídeos.

URUKHAI:


LEGION OF SUFFERING:


LEGIST:





AVISO IMPORTANTE SOBRE O BLOG REUNION UNDERGROUND:


Este blog sempre esteve presente nos eventos undergrounds da cidade e da região registrando e divulgando o movimento local para o público interessado e que consome, se identifica ou apenas se diverte a cada edição desses shows. Não temos finalidade lucrativa, apenas trabalhamos para que a história da nossa cultura underground não seja encoberta pelas areias do tempo e essa memória (quem sabe) possa inspirar as futuras gerações a ter uma postura como a da atual: de não esperar que aconteça mas de fazer acontecer. Vida Longa ao Metal das Colinas!