No
último fim de semana (25/08/2018) vivenciamos mais um evento protagonizado e
dirigido pela geração contemporânea do Metal Extremo garanhuense. Por algum
tempo foi possível acreditar que o movimento underground pereceria nestas
cercanias pela falta de espaço para apresentações, falta de incentivo, falta de
interesse das novas gerações de músicos e pelo próprio imaginário popular a
respeito desse gênero musical, via de regra, associado à abusos, ilicitudes e
discursos vazios de sentido existencial ou político - como se isso fosse
possível - e irresponsável em seus posicionamentos e opiniões. Mas, o público
que vem prestigiado os eventos tem visto um movimento revigorado, entusiasmado,
organizado, rejuvenescido e seguindo fielmente o lema “do it yourself” (Faça
você mesmo): independente, destemido, forte e unido.
O Ubalá
Pub tem se tornado um espaço frequente dos roqueiros da região do agreste
meridional seja pela amplitude estrutural e acolhedora, seja pelo apoio
incondicional ao movimento underground e as bandas de Garanhuns e cidades
circunvizinhas. Esta não é a primeira vez que o local abre suas portas para os
roqueiros da cidade como já registramos aqui e não obstante é corresponsável
pela prosperidade do movimento. Casa cheia, gente bonita, educada, camisas
pretas; elementos que só frequentadores do movimento conseguem testemunhar...
Vamos à resenha das apresentações:
Mais uma vez, as
bandas que se apresentaram nesta última edição foram às três consideradas pela
opinião pública como “A nova geração do Underground Garanhuense”, ao que eles
mesmos preferem ser conhecidos pelo sugestivo nome de Metal das Colinas; uma clara e singela referência ao título
turístico que a cidade ostentou por muito tempo, o de ser A Terra Das 7 Colinas.
Dentre
elas a URUKHAI, banda que faz um
Nu-Metal com referencias ao Death-Core com letras em inglês e um som cheio de
energia. Além das fantásticas covers do System of a Down e Sepultura a banda
executou um repertório autoral cheio de canções ultra-agressivas que já se
tornaram clássicas entre os headbangers da cidade como The Garbage is Full, The
Night of Great Fear e a estrondosa Hiroshima.
Seria injusto destacar um ou outro músico desta banda, pois eles funcionam tão
bem juntos que é simplesmente quase impossível pensar naquela massa sonora na
ausência de um deles. A banda realmente não decepciona, nem mesmo os mais
radicais ficaram indiferentes ao “bate cabeça” durante a apresentação desses
novos e promissores agentes do caos. vamos ver algumas fotos da performance do URUKHAI:
Dando continuidade a noite das camisas pretas, foi a vez da LEGION OF SUFFERING banda veterana da
cena local que executa um Death Metal que mescla melodias e breakdowns cativantes,
o quarteto tem mais tempo de estrada que as outras bandas desta noite e como
esperado de uma instituição experiente: eficiência e técnica apurada foram a
lei. O contraste entre os vocais, o principal mais rasgado e agressivo e o
backing vocal mais grave e profundo deixam a música rica de elementos que se
aliam a uma guitarra melódica e cortante com uma bateria e um contrabaixo
técnicos e avassaladores. Não estamos falando de uma banda experimental que está
fazendo testes e aventuras pra ver no que resulta, e sim de músicos de alta
competência demonstrando que é possível fazer Death Metal se utilizando de
outras fórmulas musicais; e tem funcionado, o resultado é surpreendente.
Algumas músicas também já se tornaram emblemáticas e conhecidas do público que
a banda sempre arrasta em suas apresentações como: Falsos, Indignação e a
instigante Religião Hipócrita, além
do cover do Sepultura que botou a galera pra pular e gritar a plenos pulmões. Seguem abaixo alguns registros icograficos da apresentação da LEGION OF SUFFERING:
Por fim tivemos a LEGIST, um
trio que executa um Death Metal tradicional, ríspido, direto, monolítico e com
doses cavalares de intensidade. Esta banda talvez seja a que empunha com mais
fidedignidade a bandeira do Death Metal “de raiz” por assim dizer, longe de
inovarem ou proporem algo que possa vir a soar diferente demais do que sua
identidade musical admite, eles se mantêm na linha Death Metal dos seus
antecessores históricos nesse gênero aqui na cidade como a DOMINATIO, INFECTO, CARBONIZED e MORBDUS (old). Isso não os
diminui, pelo contrário, no palco eles se agigantam e nos trazem certa
nostalgia, é impressionante como apenas três pessoas podem soar como um estouro
de uma manada de rinocerontes, o som da LEGIST
é brutal; É Metal Extremo no estilo garanhuense, desde 1993, quando temos
registros das primeiras bandas nesses moldes. Composta por um baterista técnico
e sereno, um guitarrista insano e um baixista-vocalista carismático e altamente
competente, esta banda não apenas executa um repertório autoral destruidor de
tímpanos e pescoços como agrada pelas covers do Belphegor, Deicide e Cannibal
Corpse. Conversando informalmente com o guitarrista ele nos confessou que buscam
inspiração nos poemas de Augusto dos Anjos, poeta paraibano de versos
escatológicos que beiram o macabro, para compor letras de canções como: Sangram-te os Olhos, Hedionda Obsessão e
Horror Cósmico. Abaixo temos alguns registros fotográficos da LEGIST:
seguem abaixo alguns links para voces conferirem alguns momentos das apresentações das bandas. apoiem o movimento assinando os canais do youtube, dando seu like e compartilhando os vídeos.
URUKHAI:
The garbage is full: https://www.youtube.com/watch?v=t1_jkupZvNk&list=PLu5BaABloF-ODQW5tOG4Phu9eRWEivBCB&index=47
The night of great
fear: https://www.youtube.com/watch?v=HMPaJIlBDMo&list=PLu5BaABloF-ODQW5tOG4Phu9eRWEivBCB&index=44
Hiroshima: https://www.youtube.com/watch?v=3Kbb8vaWaa8&index=46&list=PLu5BaABloF-ODQW5tOG4Phu9eRWEivBCB
LEGION OF SUFFERING:
Indignação: https://www.youtube.com/watch?v=L2Kpo9-eJJw
Religião Hipócrita: https://www.youtube.com/watch?v=RaW6O1nEYxU
LEGIST:
Sangram-te os olhos: https://www.youtube.com/watch?v=0U5z9UVjUAs
Hedionda Obsessão: https://www.youtube.com/watch?v=HYovUpSqzLg
AVISO IMPORTANTE SOBRE O BLOG REUNION UNDERGROUND:
Este blog sempre esteve presente
nos eventos undergrounds da cidade e da região registrando e divulgando o
movimento local para o público interessado e que consome, se identifica ou
apenas se diverte a cada edição desses shows. Não temos finalidade lucrativa,
apenas trabalhamos para que a história da nossa cultura underground não seja
encoberta pelas areias do tempo e essa memória (quem sabe) possa inspirar as futuras
gerações a ter uma postura como a da atual: de não esperar que aconteça mas de
fazer acontecer. Vida Longa ao Metal das Colinas!